
Um alerta global sobre o número de casos
No dia 29 de maio de 2024, o Departamento do Programa Nacional de Imunizações disparou um alerta sobre a ocorrência de surtos de coqueluche em países da Ásia e da Europa, passando a recomendar a ampliação e intensificação da vacinação contra a doença no Brasil.
Foi solicitado ainda que os Estados e Municípios do país fortaleçam suas ações de vigilância epidemiológica para os casos registrados de coqueluche (já que tendem a se alastrar bastante nessa época do ano).
Durante o ano de 2023, foram registrados em 17 países da Europa cerca de 25 mil casos de Coqueluche. Em 2024, apenas entre janeiro e março, mais 32 mil casos já foram notificados. No Brasil, registramos surtos de coqueluche em São Paulo com um aumento bem expressivo no número de casos (768,7%) em comparação com o mesmo período do ano passado. Em Niterói, até o momento, foram registrados dois casos na Universidade Federal Fluminense (UFF).
O que é a Coqueluche?
A coqueluche é uma doença infecciosa, causada pela bactéria chamada “Bordetella Pertussis”, de fácil transmissão por via respiratória e que pode ocorrer em qualquer faixa etária, sendo mais grave em crianças, principalmente as menores de 6 meses de idade (e, entre elas, as menores de 3 meses de idade). Em geral, aproximadamente 100% dos óbitos por coqueluche ocorrem em menores de 3 meses.
A sua principal característica são as crises de tosse seca, podendo atingir também traqueia e brônquios. Os adolescentes e adultos infectados, porém assintomáticos (com quadro brando ou não característico) são os principais transmissores da doença (cerca de 30% com tosse seca por mais de 15 dias estão infectados).
Como proceder?
A vacinação é a forma mais eficiente de prevenção e na rotina, sendo indicada para crianças, gestantes, adolescentes, adultos e idosos. Nesse momento de alerta, o Ministério da Saúde intensifica a vigilância e expande a vacinação para grupos que atendem crianças de até 4 anos de idade para prevenir a transmissão da doença. As Sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP) e de Imunizações (SBIm) recomendam a vacinação de contactantes domiciliares de menores de 1 ano.
Ampliação do uso de vacinas contra a Coqueluche:
Dadas todas as informações acima, o Programa Nacional de Imunizações amplia a indicação de uso da vacina dTpa (tríplice bacteriana do tipo adulto), em caráter excepcional, para:
1. Trabalhadores da saúde pública ou privada, ambulatorial ou hospitalar que atuem em Ginecologia e obstetrícia; parto e pós-parto imediato (incluindo casas de parto, Unidades de Terapia Intensiva (UTI), Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCI), UCI Canguru, Berçários e Pediatria).
2. Profissionais que atuam como Doula, acompanhando a gestante durante o período de gravidez, parto e período pós-parto.
3. Trabalhadores que atuam em berçários e creches, com atendimento de crianças até 4 anos de idade.
Vacinação de Rotina:
– 3 doses no 1º ano de vida a partir dos 2 meses de idade (com as vacinas penta de células inteiras, na rede pública ou Penta e/ou Hexa (vacinas acelulares);
– Reforços para crianças de 15 meses com a DTP (vacina tríplice bacteriana de células inteiras (difteria, tétano e coqueluche) na rede pública ou a Penta acelular (difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae b e pólio inativada) na rede privada;
– Reforços para crianças de 4 anos de idade com a DTP (vacina tríplice bacteriana de células inteiras) na rede pública ou dTpa-VIP (vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto combinada com a vacina pólio inativada);
– Gestantes a partir de 20 semanas de gestação (idealmente para melhor proteção do bebê) e puérperas (se não vacinadas na gestação) com a vacina (dTpa vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto);
– Profissionais de saúde com dTpa.
Conclusões:
O risco de aumento de casos de coqueluche no Brasil é real e uma preocupação do Ministério da Saúde e do Programa Nacional de Imunizações. A URMES compartilha dessa preocupação e solicita às escolas, creches e famílias que revejam os calendários vacinais de seus funcionários.
Da mesma forma, solicitamos às famílias que consultem seus pediatras e revejam se seus filhos estão em dia com as doses recomendadas das vacinas. Esse alerta reforça o que a URMES considera a sua maior missão: um ambiente seguro e saudável para o aprendizado e para a vida escolar.
Isabella Ballalai (CRM-RJ 48039-5) – Diretora Médica da Urmes – Pediatra – Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e Membro do Comitê de Saúde Escolar da SOPERJ.